A China traiu os valores da revolução de Mao Tsé-Tung?
Indiscutivelmente. O MRPP foi a única força em Portugal que denunciou a clique dirigente que tomou conta do Estado depois da morte de Mao. A China vive hoje numa ditadura social-fascista. É um regime comunista nas palavras e fascista nos atos, em que os dirigentes vivem no luxo e o povo na miséria.
Nos últimos anos, têm sido publicadas biografias que retratam Mao como um tirano cruel que causou a morte de milhões de pessoas. Que imagem tem dele?
Mao foi um grande dirigente do povo chinês e do movimento comunista internacional. Ele denunciou a traição do marxismo na União Soviética. Agora essas biografias... há sempre uns valets de chambre [paus-mandados] que se prestam a fazer esse trabalho.
O que separa o maoísmo do comunismo soviético?
Após a morte de Estaline houve um golpe de Estado na URSS e os ideais da revolução foram abandonados: os líderes deixaram de receber o mesmo que os operários e deixaram de poder ser livremente eleitos e demitidos. O maoísmo mantém-se fiel à revolução porque defende que são as bases que devem decidir
O maoísmo é um modelo a seguir ainda hoje? Em Portugal?
A crise econômica veio provar que o capitalismo está a morrer e que o marxismo-leninismo é o futuro. Mas nós, no MRPP, dizemos sempre que somos maoístas portugueses e não maoístas chineses. Nenhuma experiência é exportável.
Como é que as ideias de Mao inspiraram tantos intelectuais na Europa nos anos 1960 e 1970?
O maoísmo surgiu em alternativa às posturas que se afastaram do socialismo. O que nele me cativou quando entrei na universidade foi que - ao invés do movimento estudantil ligado ao PCP - não dizia que a repressão e a PIDE eram invencíveis mas que "resistir é vencer".
Maoístas desse tempo estão à direita. Durão, Pacheco Pereira...
Essas pessoas aproximaram-se do MRPP enquanto acreditaram que o poder estava ao virar da esquina. Mas o caminho era difícil e depois foram à sua vida. Têm uma vida tranquila, ganham bem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário