quinta-feira, 21 de abril de 2016

Artes- A arte e seu tempo



              SOBRE O TEMPO   NA  ARTE




Um dos principais pressupostos de uma obra de arte talvez seja o fato dela sempre nos possibilitar uma renovada e próxima experiência, um interminável recomeço. E essa experiência não pode ser dissociada do tempo, afinal nosso contato com ela nunca acontece fora tempo e da história. Mesmo que a gente não viva mais no período em que uma obra foi realizada, sentidos dela nunca deixam de ser presentes. E isso acontece mesmo com trabalhos produzidos nos tempos mais remotos, pelas culturas mais distantes, das quais temos pouca ou nenhuma informação. Talvez o que continue presente não sejam seus sentidos, mas justamente aquilo que é percebido como falta, que será completado pela posteridade, pela recepção e pelos artistas que ainda surgirão. Paradoxalmente, o que falta a uma obra de arte é o que ela tem de excesso, de abertura, mas também de inacabado: tudo aquilo que não seja a intenção inicial do artista, os significados já antecipados, estabelecidos, aquilo que ela realiza plenamente. Esse excesso é o que não foi pensado, o que ficou por fazer e estimula tanto outros pensamentos como a produção de outras obras. Afinal, não existe e jamais existirá um trabalho de arte definitivo, o últio. Sempre haverá o seguinte e um próximo...

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