Os movimentos migratórios sempre existiram, seja motivados por razões econômicas, políticas ou por conflitos diversos. Porém, nada se compara ao fenômeno vivido atualmente na Europa, que assistiu desde o início deste ano à chegada de mais de 250 mil pessoas apenas por via marítima. Além disso, em templos de globalização, algumas vezes as imagens desses êxodos modernos viajam mais que seus próprios protagonistas. E, se essas fotografias e vídeos dão volta ao mundo suscitando indignação, elas também inspiram artistas contemporâneos, sempre a postos para interpretar a realidade com um olhar diferentes, para suscitar uma reflexão, experimentar novas linguagens estéticas ou simplesmente para abordar temáticas da moda.
“Desde sua origem a humanidade é fundada pela imigração. E a arte é também uma forma de migração”, argumenta Caecilia Tripp, artista alemã baseada em Paris, que trabalha há anos sobre essas questões. Ela acaba de voltar de Lampedusa, na Itália, após ter preparado seu novo projeto, uma composição musical intitulada Score for Migrating Notes, que será apresentada no festival de outono de Graz, na Áustria, e também na FIAC, uma das principais feiras de arte do contemporânea do mundo, que acontece em outubro em Paris. “Lampedusa é um ponto nevrálgico da nossa ‘mundialidade’”, teoriza a artista, fazendo alusão a uma expressão popularizada pelo pensador Edouard Glissant, com o qual ela trabalhou no passado.
Algumas obras de Caecilia Tripp, aliás, estavam expostas durante todo o mês de julho na galeria Mor Charpentier, em Paris, dentro da exposição Exodous que também abordava o tema da migração. Na mostra, a alemã e outros seis artistas vindos dos quatro cantos do planeta questionavam, cada um à sua maneira, os êxodos humanos no mundo contemporâneo.
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